Fecha-se uma porta e abrem-se umas quantas Janelas

 Bem...desde que fui diagnosticada e estou em grupos nos mais diversos sítios que as pequenas ansiedades da vida parecem mais controláveis.

Sinto muita culpa por alguns comportamentos, outros nem tanto. Uns fui o diagnostico, outros fui um ser humano que levou pancada emocional, física e de uma dureza psicológica que terei toda esta vida para construir um eu mais leve.

Mais leve dessa culpa. Espero eu.

Já nem sei se é deste meu estranho e forte Setembro, se da idade ou da loucura, mas tenho de me amar com as mais pequenas coisas, tenho de aprender a dizer que também tive culpa.

Admitir. Algo tão complicado e sinto isto quando digo que depois de admitir ficou mais fácil, um pouco mais leve olhar para mim.

As decisões não são mais algo que seja urgente, impulsivo ou até feroz. Não tenho ainda a calma de um Buda em mim nem quereria mas pouco a pouco estou a cumprir os meus objectivos e dar valor ao que realmente deveria ser importante para todo o ser humano.

Viver. Dar tempo a quem amamos, desfrutar desse tempo com quem amamos e sermos fiéis a nós mesmos, ao que somos e como o somos.

É, sem dúvida um cliché, mas é tão mas tão verdade que quando nos damos conta disso chega a doer, no meu caso por este Setembro.

Este aniversário já trazia o peso do anterior e sem saber quando terminará este luto prefiro não pensar nisso, pensei que não me afetaria tanto. Eu estava a ligar-lhe quando aconteceu ou pouquinho antes de acontecer...ou terá sido depois?!

Não me recordo...mas sei que foi por isso que não atendeu, tinha ido. 

Lembro-me tanto de um outro dia em que me tinha agarrado o braço, não tinha força já, não tinha vontade mas ainda assim sentia medo de ir, vi, pela primeira vez o desespero humano nos olhos de alguém.

Lembro-me muito dela e sinto imensa revolta pelo que está acontecer, não consigo entender, não consigo encaixar e ainda assim tenho de aceitar pois não é nada comigo.Mas nem foi por isto que escrevi este texto, se bem que se encontra, algo no meio deste setembro, tão escuro, tão estranho e cheio de amor fechou-se uma Janela e dei por mim a ter de adiar os meus planos maiores novamente, senti uma derrota que só eu poderia explicar, quem melhor que eu para explicar os meus sentimentos....haverá alguém por aí que me conhece tão bem....ou melhor ?

Por alguma razão, algumas janelas começaram se abrir e um plano apareceu. Começar de novo pode ter muitas tonalidades e eu descobri muitas janelas por abrir e fechei janelas que pensei nunca fechar, algumas deixei encostadas apenas. 

Não sei como vai ser o meu dia 29, talvez já tenha parte do plano em andamento e o dia seja passado de uma maneira mais leve. 

-Não foste no mesmo mês mas por alguma razão curiosa foste no mesmo dia que o Marley.  Existem muitos tipos de luto e eu ainda estou a fazer o teu, este ano não está a ser fácil mas dei-me conta de mais um cliché, menos é mais, muito mais!

Não estou nas Maldivas de férias mas estou de férias e isso para mim é um passo enorme, eu finalmente parei, eu finalmente fechei uma porta que me estrangulava todos os dias, meses e anos que foram passando... a semana com o meu filho foi fantástica, foi alegre e calma, foi divertida e dispendiosa LOL, mas foi aqui perto e fiz coisas como andar de comboio com ele, de autocarro, ir a praias diferentes, jardins, parques fora da zona e aproveitar duas feiras ! Pode parecer pouco para alguns mas eu diverti-me tanto e não quis mais ninguém comigo nesses dias, é a minha família.

A minha semana ainda não acabou mas acima de tudo tenho de confessar que poder acordar sem despertador é das melhores coisas que existe !

Tenho dois cães e aproveito para ter tempo de qualidade com eles, tinha todo um plano de coisas para fazer e algumas espero que o tempo me permita e precisava deste tempo para dormir, ler e poder também passear um pouco.

Sinto-me grata, sinto-me compreendida, que não tenho de agradar a ninguém, que vou ter dias maus e está tudo bem porque todos temos dias de merda, sinto que estou a querer fazer o certo, que preciso de trabalhar sim mas também preciso sair daqui e ir viver e respirar o que poder com quem eu amo e me ama de volta, isso é impagável. 

E quero muito, muito muito ser melhor.

Melhor que isto. Não só janelas esmurradas, corrompidas e assustadas, sou também janelas, umas quantas....as suficientes para ser melhor e fazer melhor.


Patrícia Serra



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