2019

Nesta época é muito difícil ter algum tempo livre, trabalho como cuidadora de Pets e torna-se um caos onde eu não existo, eu sobrevivo.
É sem dúvida o melhor trabalho do mundo, pelo menos para mim, mas requer muita paciência que nem sempre tenho e é trabalhoso, tem dias que preferia uma turma de putos a uma turma de cães.
A maioria dos dias prefiro os cães a um grupo, mesmo que pequeno, de crianças.
Mas não é sobre isso que escrevo hoje. Hoje é sobre 2019, um ano inteiro que já passou e que achei que deveria utilizar este meu teclado para transpor o que foi para mim este ano, que olhando para trás, passou a voar.

Ora bem, 2019 foi um ano bastante 'mexido' para mim, por várias e diferentes razões. Foi aquele ano cheio de mudanças que deixou um rasto de esperança para mudanças maiores, mudanças melhores!
Foi também um ano muito pesado, atrevo-me a dizer que foi o ano mais pesado que tive, uma verdadeira provação ao que sou e posso ser, até onde eu consigo ir e acima de tudo, o que eu consigo fazer.
Comecei a trabalhar por conta própria, o meu trabalho, o meu reconhecimento, os meus horários e mais importante, o que quis sempre fazer a tempo inteiro e faltava-me a coragem, olhando agora para o que tenho, é como um aquecedor de corações (se existisse), tenho o meu trabalho e todos os dias, todos os meses ele cresceu mais, e mais e mais!
Tive muitas vezes internada e por consequência disso vi menos o meu filho, trabalhei menos e algumas vezes tive de deixar clientes de um dia para o outro, uma delas para finalmente ser operada.
Namorei, terminei, namorámos, ele terminou, namoramos. E foi um misto de emoções que ainda estou a processar onde quero acreditar que nada acontece por acaso e ninguém se cruza no teu caminho só porque sim. Escolhemos primeiramente ver o que de mal se passou em vez de olharmos para o que de bom aconteceu, eu escolhi ver o que me tinha feito começar, pequenos passos podem dar uma grande viagem.
O D. entrou para uma creche e adorou, eu como mãe babada adorei que ele adorasse, percebem?!
E...porra os putos crescem imenso num ano! Estás um menino que provoca sorrisos por onde passa ( se não tiver com a telha), diz olá a todos e abraça as pessoas sem que elas esperem. Já imaginaram se um adulto que te está a conhecer não fosse de modas e pumbas, um abraço!
Quero acreditar que o meu filho melhora um pouco o dia de muitas pessoas quando espontâneamente decide abraçar e sorrir, é de derreter gente. Eu estou a derreter.
Encontrei uma amiga de infância, de vez em vez procurava por ela, foi a minha melhor amiga durante muitos e muitos anos, as maiores e melhores memórias, assim como as decadentes também, foram com ela, a primeira vez que nos conhecemos foi na primária. E nada mudou, mais adultas mais desenvoltas e depois muitos anos de amizade, ali, finalmente alguém que me conhece de raiz, acreditem, foi confortante. Sem filtros.
Umas semanas antes tinha estado exactamente na minha rua, onde vivi em pequena e adolescente, vi o pátio onde brinquei, estava igual ao que me lembrava, a porta nº18 continua de um vermelho escuro, quase bourdoux. Um pouco, muito pouco aliás, a tua antiga casa S., estava o prédio todo fechado menos a tua casa, na altura, com uma exposição (que algum jovem com problemas graves decidiu colocar no teu quarto, na sala e pretty much em todo o lado). Super nostálgico, parecia que estava parada no tempo, tantas memórias S., tantas tantas!
A A. entra em 2020 numa luta que não desejaria a ninguém, em Agosto a vida caiu-lhe em cima, eu vi um ser humano frágil e que deixava o meu P. de coração apertado. Queremos ajudar, gostaríamos que a dor fosse atenuada e nada podemos fazer. Podemos estar presentes. Ainda tento estar, e se conseguir uma gargalhada do outro lado, faz do meu dia um pouco melhor.
Entrei finalmente para um ginásio e não desisti, engordei mais e há dias que eu gostava mesmo de poder comer normalmente e não ter que sofrer com isso. Problemas que não são problemas para a Patrícia do futuro, balança guardada que eu gosto muito das comidas das épocas festivas.
Adoptei um novo cão, o Woodie/Woody e com ele veio uma nortenha fantástica que se tornou uma grande amiga, uma pessoa que fez tudo por esse cão, lembrei-me de quando o precisei para o M., fiz tudo para salvar o Marley, assim como a C. fez tudo para salvar o resmungão do W. Tenho muita pena que existam tantos km's uma da outra, é daquelas pessoas que se matares alguém ela pergunta onde vamos enterrar (dark humor again) e de uma sinceridade que falta a muitos seres humanos.
Perdi o meu Marley e fui-me muito abaixo. Ainda dói muito e tornou este ano um pouco mais escuro.
Fiz coisas banais, trabalhei, dormi, comi, ri, chorei, conheci pessoas, disse adeus a algumas, decidi ser melhor, decidi fazer melhor, aprendi a dar murros, voltei a fumar, deixei de fumar e voltei novamente a fumar, perdi um hospede velhote aqui em casa e á uma da manhã recebia a noticia que tinha falecido, tive de contar a uma dona que tinha perdido o seu amigo, novos cães, cães antigos, clientes fantásticos e clientes que não quis ter como clientes, mudei a casa toda (várias vezes), senti-me sozinha, senti-me amada, bipolar, estranha, senti-me a pior mãe do mundo, senti-me a melhor mãe do mundo, e também a pior e a melhor dona. Não li nenhum livro mas comecei vários, fui mulher, fui criança, fui também feliz.
Mais um ano.
Um ano de construção.

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