Sonate Pacifique

Faz uns anos apaixonei-me. 

Não foi uma paixão qualquer, não foi uma pessoa qualquer.

Foi a primeira pessoa em que pensei quando fui diagnosticada.

Sem esperar nada em troca pois sabia eu, já no meu intimo que a porcaria que tinha feito ao longo do tempo era tanta que nada mais poderia mudar a dor provocada.

Mas mesmo assim, eu, louca….decidi dizer o que sentia. Na altura fiquei tão nervosa e só me lembrava da ultima mer** que tinha feito, tudo para ouvir novamente a sua voz, tudo porque não conseguia lidar com um não e acima de tudo porque achava eu que tinha razão. 

Sem qualquer noção das minhas atitudes até ser confrontada com as pessoas certas numa sala pequena, quanto mais pesquisava, quanto mais lia sobre …menos queria aparecer.

Ainda assim ganhei coragem e desculpei-me, de peito aberto, fui sincera. 


Não poderia amar tanto alguém e continuar a magoar essa pessoa, mesmo que a tantos km de distancia, na volta abri uma ferida que não era para ser aberta, mas tinha de lhe dizer que a culpa não era dele, que merecia ser feliz e que finalmente eu via o que ele tinha aguentado. 


Também posso ter sido apenas e mais uma vez, inconveniente, tirar-lhe a paz e o sossego, mesmo que por uns segundos.

Assim que me apercebi do que tinha e de facto admiti, vários pensamentos vieram de rompante e eu já nem chorava de arrependimento, foda-** a culpa foi minha dizia eu.

Depois recompunha-me e retirava em mim esse peso, devo aceitar as consequências do que fiz mas não o fiz com maldade. Senti tanta raiva quando ele me chamou de manipuladora, de bipolar entre outras coisas….senti-me tão magoada e no entanto ele tinha razão!


Não porque o fosse mas porque é assim que parece uma pessoa que sofre de TPB, agora que tinha as respostas só queria dizer a quem amo o quanto eu lamentava.

Quase como saberes que tens os nr’s do euromilhões mas não jogas nesse dia, nem sei bem como explicar.

Quero, desejo tanto que ele seja feliz, tenho um caminho enorme para percorrer e sei que ele não vai estar mais. 

Aceito e respeito e se não fosse estes sentimentos todos não lhe diria nada mas a parte mais estranha de saberes que, por exemplos, tens diabetes...é que depois de estares informado sabes o que fazer e até consegues ter a percepção de como ficaste diabético ou não.

No meu caso é genético e nada posso fazer mas esse fenomeno aconteceu comigo, depois de me aperceber do como eram os meus 'diabetes' não conseguia evitar pensar mais uma vez que pelo menos um Lamento eu tinha de dizer ás pessoas que amo porque os sinais estavam lá, eu agi muitas vezes como uma Border, uma Border sem diagnostico, sem tratamento e acabei no fundo do poço. 


Se me ouvirem dizer que sou grata por ter ido até ao fundo do fundo, sou mesmo. Escondi-me em substâncias, não lidei com as emoções nem as reconhecia e o medo de perder tudo e todos era enorme, gigante!

Não consigo imaginar como ele se sentiu, mas sei, hoje que ele fez mais do que podia, foi ate ao fundo do poço dele por mim e por isso eu tinha de desculpar-me.



No dia que o vi pela primeira vez, continuo a dizer, sabia que já o tinha conhecido. Se existe isso de alma gémea eu sempre senti isso com ele e vejo que ele levou com o pior de tudo, não sei se foi má sorte mas de facto junto com todos os triggers existentes e a minha condição sei agora o quanto ele me amou.

Gostava que tivesse sido diferente, mas não foi. Por outro lado não posso mudar nada do que passou e não quero, existe uma certa beleza neste caos em que vivemos. 

Aprender assim custa mas como poderia eu escrever isto se não fosse este o caminho ? 

As expectativas fizeram me sofrer gratuitamente de várias maneiras, podia tantas vezes apenas ter dito para ele ficar em vez de o afastar, mas não sabia como e com tanta bagagem mal resolvida dou por mim a avaliar uma relação fracassada.


Apenas uma. Com 31 anos continuo apaixonada, no dia que pedi para mandarem uma mensagem escrita por mim a dizer lhe o quanto lamentava toda eu transpirava, se o visse acho que o meu coração ia sair do sitio e provavelmente tinha um ataque de ansiedade. 

Prefiro pensar que é a vida a dizer-me que deveria ter sido assim e que não podemos estar com todas as pessoas que se cruzam na nossa vida, prefiro admitir que fiz mer** e construir uma vida a pensar em mim.


Não posso começar de novo com ele mas posso começar de novo comigo.


Obrigada Chi *



                      aproveito e deixo a musica que tinha com ele, é linda <3




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